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Boa média na licenciatura ou experiências de associativismo e voluntariado?

Desde muito novos somos deparados com esta questão, mas será que existe mesmo uma questão? Tudo na vida é sobre equilíbrio e cada um tem de encontrar o seu. Na minha opinião, as experiências de associativismo e voluntariado não implicam uma má média na licenciatura e não existe a escolha entre boas notas e o desenvolvimento pessoal, elas devem ocorrer em simultâneo.

O que é uma boa média na licenciatura?

Segundo o Dicionário da Língua Portuguesa, a palavra “bom” significa, entre outras definições:
• Que é como deve ser ou como convém que seja; que corresponde ao que é desejado ou esperado
• Que demonstra habilidade ou mestria na realização de alguma coisa
• Que cumpre o seu dever ou demonstra eficiência na realização de algo
• Pessoa que tem um desempenho com qualidade em determinada atividade
Como conseguimos perceber, uma boa média tanto pode ser um 18, um 16 ou um 13, dependendo do contexto. Uma média de 16, para ti que desejas ter uma média de 18 pode não ser boa, mas quando comparado com a média dos alunos da tua faculdade que é 12, já é considerada boa. Tudo depende da perspetiva.

É uma boa média na licenciatura que dita o teu sucesso profissional?

Uma boa média na licenciatura mostra eficácia em aplicar conhecimentos teóricos em questões ou trabalhos práticos, e que tens competências técnicas para realizar uma determinada tarefa. No entanto, o teu valor tem uma componente extremamente importante que são as soft skills. Estas soft skills são características individuais, intangíveis e difíceis de quantificar, que podem ser a comunicação, empatia, trabalho em equipa, entreajuda, entre outros. Elas desenvolvem-se em experiências novas como o desporto, associativismo ou voluntariado.

As empresas procuram uma mistura de hard skills com soft skills, sabendo que, as hard skills podem ser ensinadas e desenvolvidas mais facilmente que as soft skills. Portanto, as empresas acabam por se focar mais nas tuas experiências e o que é que desenvolveste com elas. Para além disso, é através das soft skills que te consegues diferenciar das restantes pessoas que acabam a mesma licenciatura que tu, acabando por ter a mesma base de hard skills.

Assim que entras numa empresa, vais ter de te adaptar aos processos, sistemas e pessoas, e vais ter de adquirir um conjunto novo de hard skills. Tudo isto é conseguido com base na tua capacidade de adaptação ou empatia (soft skills). Portanto, o teu sucesso profissional vai sempre depender da tua dedicação e eficácia nas tarefas que te são propostas, potenciadas com uma base teórica consolidada e boas competências pessoais e sociais. Portanto, não é uma boa média na licenciatura que dita a tua qualidade nem o teu sucesso profissional, mas sim a tua capacidade de consolidares a componente teórica com o desenvolvimento pessoal em experiências como o associativismo ou o voluntariado.

Mas então, quanto do meu tempo é que eu devo dedicar a cada coisa?

É tudo uma questão de te conheceres, definires objetivos e prioridades e de saberes gerir o teu tempo.

Em primeiro lugar é muito importante que faças um trabalho de autorreflexão identificando os teus pontos fortes e os teus pontos fracos. O autoconhecimento é a chave para o teu desenvolvimento. Em segundo lugar, tens de definir objetivos e prioridades. Quais são os teus objetivos e o que é que gostavas de atingir? E para atingires esses objetivos, quanto tempo é que te tens de dedicar? O que é que valorizas mais e o que é que estás disposto a sacrificar para atingir os objetivos mais importantes? Com base nestas reflexões vais conseguir perceber quais são as atividades em que vais investir o teu tempo e por ordem de importância, chegando ao terceiro passo que é a organização e gestão da tua semana. 

Esta gestão é crucial e a minha dica é organizares muito bem o teu dia e dedicares-te a 100% quando estás a fazer uma tarefa para tirares o máximo de partido dela. Por exemplo, quando estiveres a estudar deixa o telemóvel longe de ti para te conseguires concentrar, aproveitando ao máximo as 2 horas de estudo programadas. Assim como quando estiveres em experiências de associativismo ou voluntariado, entrega-te completamente e não penses na quantidade deslides que te faltam estudar. 

Muitas vezes a nossa resposta perante um desafio é dizer que não temos tempo. Mas será que não temos mesmo tempo? Desafio-te a somares o tempo que passas no Instagram e no TikTok, a ver vídeos no Youtube ou séries na Netflix. E então? Quanto tempo do teu dia é que investes nessas atividades? Agora desafio-te a refletir naquilo que, com base nas tuas prioridades, podias fazer durante todo esse tempo.

Mas então, boa média na licenciatura ou experiências de associativismo e voluntariado?

Não existe uma fórmula e, apesar de poder parecer assustador, tens de te sentir confortável com o desconforto constante, com a pergunta de “E se eu tivesse…?”. E o segredo para esse conforto é conheceres-te a ti mesmo, definires os teus limites e estares convicto das tuas escolhas no matter what. Investe nos teus pontos fracos e desenvolve os teus pontos fortes, independentemente de estarem relacionados com hard ou soft skills

Mariana Morais

Autora

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